Esses dias estava pensando que gostaria de comentar sobre um
clássico aqui no blog, e me lembrei que havia na minha estante uma edição de Clássicos
de Júlio Verne da editora Codil dos anos 1970, e uma tradução de Pinheiro
chagas de A vida e as Aventuras de Robinson Crusoé comprado em 1923, confesso
que fiquei na dúvida entre esses e outros clássicos antigos que tenho aqui, mas
acabei me decidindo por Viagem ao Centro da Terra. Então se você já leu edições
mais novas ou ainda vai ler - é o que espero, pois, esse livro é maravilhoso e
muito surpreendente, Júlio Verne estava muito à frente de sua época – pode
perceber talvez algumas diferenças nos trechos do livro que colocarei aqui.
Viagem ao centro da terra é um livro de ficção científica e
foi publicado pela primeira vez em 1864, como já havia comentado Júlio Verne
estava bem a frente do seu tempo, então é um livro cheio de detalhes e nomes
científicos nada tediante.
Precipitando-se sobre a folha de papel, olhos inquietos, voz
embargada, leu o documento inteiro:
In Sneffels
Yoculis craterem kem delibat
umbra Scartaris Julli intra calendas descende,
audas viator, et
terrestre centrum attinges.
Kod feci. Arne Saknussemm.
Aquele latim bárbaro pode assim ser traduzido:
Desça até a cratera do Yocul de Sneffels
que a sombra do
Scartaris vem acariciar antes
das calendas de
julho, e atingirás, ó viajante
audaz, o centro da
terra. O que eu fiz.
Arne Saknussemm.
Trecho do Livro
A história se passa em Hamburgo, na Alemanha, e quem nos
narra os fatos de uma forma bem irreverente é Áxel. Ele começa narrando sobre
as características peculiares de seu tio o professor Otto Lidenbrock, e sobre um raro
manuscrito rúnico que seu tio havia encontrado, o professor estava
extremamente entusiasmado com o achado, Áxel não estava muito interessado, mas
fingia interesse para não contrariar o tio excêntrico. Para nossa surpresa e
dos nossos personagens um pergaminho escorregou de dentro do manuscrito, nele havia
estranhos carácteres rúnicos e esse achado mudaria o rumo da vida deles. O professor foi incansável na pesquisa para decifrar o pergaminho,
ele acreditava piamente que ali, naquele criptograma existia a explicação ou
indicação de uma grande descoberta, e ele não estava errado.
Áxel - disse-me com voz terna -, você é um rapaz muito talentoso. Você me prestou enorme serviço, quando, já quase destroçado, ia abandonar aquela combinação. Onde me teria perdido? Ninguém poderá saber. Jamais me esquecerei disto, meu rapaz, e você terá sua parcela na glória que iremos conquistar.
Trecho do livro
Áxel por acaso conseguiu decifrar o enigma, e a princípio
pensou em esconder essa informação de seu tio, veja bem, não é que ele seja
ruim, só era meio medroso e não queria ser arrastado pelo seu tio para uma
viagem insana para o centro da terra, uma viagem da qual poderiam nunca voltar.
Bem, o professor estava tão concentrado que esqueceu de comer e com isso deixou
o resto da casa com fome também, ele não sabia, mas a fome é ótima para convencer
as pessoas - pelo menos no caso de Áxel -, percebendo que continuariam com fome
até o professor decifrar o criptograma, Áxel se rendeu e contou que havia
descoberto o significado do pergaminho. O professor ficou radiante, e o que
Áxel temia aconteceu, o tio seguiria as pistas, viajaria para encontrar o
centro da terra e levaria Áxel com ele.
Áxel ainda tentou argumentar, mas nada foi capaz de demover o
tio da ideia louca de empreender tal viagem, e ao final ele mesmo acabou sendo
invadido pelo entusiasmo do professor.
...Deveria levar a sério sua resolução de ir ao centro da terra? Acabava de ouvir absurdas divagações de um maluco ou as deduções científicas de um gênio admirável? ...Hesitava entre mil hipóteses contraditórias, sem poder agarrar-me a qualquer delas. Contudo, lembrava-me de que fôra convencido, embora meu entusiasmo já começasse a arrefecer. Mas desejava partir imediatamente e não perder tempo em reflexões. Sim, não me faltaria coragem naquele momento para arrumar a mala e partir.
Trecho do Livro