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Algumas impressões - O Jardim Secreto

 Uma das coisas mais estranhas de se viver no mundo é que só há o agora, então tem-se a certeza de que pelo menos alguém irá viver para sempre, sempre e sempre.

Trecho do Livro

Livro O Jardim Encantado

O Jardim Secreto é um livro de Frances Hodgson Burnett, foi publicado pela primeira vez em 1911 sendo considerado um clássico da literatura.

Essa é uma história sobre transformações, eu gosto dela pelo destaque que dá a natureza, porque afinal de contas também é um tipo de “magia”, toda a beleza das flores, árvores e animais, o tempo do plantio do nascimento, a mudança das estações, crianças descobrindo uma nova forma de viver e enxergando o mundo de uma forma mais bela. Essa história é contada com tanta sensibilidade e riqueza de detalhes que você acaba se imaginando naquele jardim secreto ao lado de Mary, Dickon e Colin, e fica pensando se realmente poderíamos nos comunicar com os pássaros se tentássemos.

Mary foi uma criança indesejada pelos seus pais, logo que nasceu sua mãe a deixou aos cuidados de uma ama e continuou se ocupando apenas com aquilo com que se importava de fato, festas e diversão. De cara dá para perceber que a vida de Mary não começou com amor ou acolhimento. Vivia cercada de criados que faziam tudo que ela queria, não pelo bem dela, mas sim, para não incomodar a patroa que não queria nem ouvir falar em Mary. Claro que ela se tornaria uma criança mimada, infeliz e um tanto desagradável. Quando Mary tinha 9 anos, houve um surto de cólera na Índia onde vivia com seus pais, e eles morreram. Bem, como Mary não conviveu com eles, não era de se esperar que sentisse muito sua falta, afinal como poderia amar ou sentir falta de adultos que deveriam cuidar dela e amá-la e não o fizeram, ela foi apenas uma vítima dos fatos. Mary mergulhou em pensamentos sobre si mesma e sobre o que seria feito dela agora que estava órfã, ela não conseguia ser agradável nem com as outras crianças e a maioria dos adultos a achavam uma criança sem graça e feia, bem diferente de sua mãe que era educada e linda. Tadinha da Mary, ninguém ensinou a ela como ser agradável ou educada.

Mary foi enviada em uma longa viagem de navio para a Inglaterra para casa do seu tio Sr. Archibald Craven, onde moraria de agora em diante. Ao chegar foi recebida pela governanta do seu tio a Sra. Medlock, Mary não gostou muito dela, nada fora do comum, afinal não costumava gostar das pessoas em geral. Em suas reflexões, Mary se perguntava porque as outras crianças pareciam ser queridas a seus pais e ela mesma quando seus pais eram vivos nunca sentiu ser querida por eles, na verdade, Mary nunca se sentiu querida ou acolhida por ninguém, talvez por isso tenha se tornado uma criança tão amarga, acredito ser o  que acontece a uma criança que não se sente especial para ninguém, principalmente por seus próprios pais, talvez por isso ela também não conseguisse gostar de ninguém porque esse tipo de coisa também se aprende, mas ela não teve ninguém para ensinar. Mary poderia ser diferente se tivesse sido amada, ninguém se importava com ela, e apesar de seu tio ter mandado buscá-la também não se importava com ela, não queria vê-la. Ao que parecia a vida dela não iria melhorar muito, mas, é só o que parece, porque apesar das aparências as coisas mudariam gradualmente para bem melhor e não só para Mary.

Logo Mary conhece Martha uma criada designada para cuidar dela, Martha era totalmente diferente dos criados que Mary estava acostumada na Índia, ela era falante, bem-humorada e agradável, e o melhor de tudo não parecia se importar com a arrogância e rabugice de Mary, isso a surpreendeu e foi bem positivo, Martha tinha um jeito amigável e firme, claro que seria uma ótima influência para Mary. Muitas coisas mudaram na vida dela na casa do tio, e ela teve que aprender a cuidar mais de si mesma a ser mais independente.

Aconselhada por Martha ela começou a passear pelos jardins, a brincar ao ar livre, foi aí que ela conheceu o pintarroxo um passarinho que  conseguiu despertar uma ternura desconhecida no coração de Mary, e também a ajudou a aprender sobre amizade e magia, e ela começou a cada dia se tornar mais agradável, e a essa altura ela já gostava da Martha também. O pintarroxo morava em um jardim onde Mary não conseguia descobrir como entrar, foi então que perguntou para Martha e ela lhe contou sobre o jardim secreto que fora trancado depois que a esposa do seu tio havia falecido, claro que para uma criança um mistério é sempre instigante, e Mary passava os dias tentando descobrir onde estava a entrado do jardim e onde poderia estar a chave para abri-lo. Foi o pintarroxo que lhe mostrou onde a chave estava enterrada, desde então ela carregava a chave para todos os lados na esperança de encontrar a porta um dia.

A família de Martha era muito humilde, moravam em um pequeno chalé com doze crianças para alimentar e ganhavam muito pouco, mesmo assim a mãe de Martha preocupada com a criança solitária que perdeu os pais e estava sozinha em um novo lar estranho, comprou para ela uma corda de pular, Mary nunca vira uma e ficou encantada quando Martha a ensinou como pular, e passou a pular por todos os cantos diariamente, nada melhor para uma criança do que brincar ao ar livre, a mãe de Martha era uma mulher muito amável e sábia. É “engraçado” pensar que às vezes pessoas que não são de nossa família, tem mais consideração e carinho por nós do que nossa própria família, o que me leva a conclusão de que família não é necessariamente apenas quem tem o nosso sangue, mas sim quem cuida de nós, que nos dá carinho e nos ajuda a perceber o quanto somos especiais e nos transformar no melhor que podemos ser, acho que foi isso que Martha e sua família fizeram por Mary, que sentiu os efeitos disso e passou gradualmente a ir se transformando numa criança totalmente diferente e muito melhor.

Depois de um tempo o pintarroxo guiou Mary até a porta do jardim escondida sob os arbustos, ela entrou e ficou encantada com aquele lugar que seria seu refúgio e fez milhares de planos para trazer o jardim de volta a vida, em segredo é claro, e ficou muito, muito agradecida ao pintarroxo. É linda a inocência das crianças, talvez pelo fato de acreditar de verdade que o pintarroxo se comunicava com ela, fez que com isso se tornasse real, e ela realmente precisava de um amigo, pois nunca teve um.

No decorrer da história conhecemos o irmão da Martha Dickon, ele é um encantador de animais, Mary faz amizade com ele e os dois começam a cuidar do jardim secreto juntos. Mary também acaba descobrindo que tem um primo que é muito mais mimado do que ela, mas as coisas mudam e Colin também acaba se transformando para melhor com a convivência com Dickon e Mary, e o Jardim, e a primavera também fizeram sua magia.

Mary e Dickon trabalharam um pouco aqui e acolá, e Colin os observou. Eles trouxeram coisas para ver, botões que ainda estavam bem fechados, pedaços de galhos, cujas folhas estavam apenas mostrando seu verde, a pena de um pica-pau que havia caído sobre a grama, uma concha vazia que algum pássaro havia chocado cedo demais. Dickon empurrou a cadeira bem devagar, dando voltas pelo jardim, parando a cada momento para deixá-lo olhar para as maravilhas que brotavam da terra ou trilhavam para baixo das árvores.

Trecho do Livro

Eu adorei a história, e claro tem sim um final bem feliz como era de se esperar. Leiam O Jardim Secreto e acrescente um pouco mais de magia a sua vida.


Se já leu o livro deixe seu comentário me diga o que achou! 😉

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VIAGEM AO CENTRO DA TERRA - CLÁSSICO DE JÚLIO VERNE

 



www.livrosqueamamos.com.br

Esses dias estava pensando que gostaria de comentar sobre um clássico aqui no blog, e me lembrei que havia na minha estante uma edição de Clássicos de Júlio Verne da editora Codil dos anos 1970, e uma tradução de Pinheiro chagas de A vida e as Aventuras de Robinson Crusoé comprado em 1923, confesso que fiquei na dúvida entre esses e outros clássicos antigos que tenho aqui, mas acabei me decidindo por Viagem ao Centro da Terra. Então se você já leu edições mais novas ou ainda vai ler - é o que espero, pois, esse livro é maravilhoso e muito surpreendente, Júlio Verne estava muito à frente de sua época – pode perceber talvez algumas diferenças nos trechos do livro que colocarei aqui.

Viagem ao centro da terra é um livro de ficção científica e foi publicado pela primeira vez em 1864, como já havia comentado Júlio Verne estava bem a frente do seu tempo, então é um livro cheio de detalhes e nomes científicos nada tediante.

Precipitando-se sobre a folha de papel, olhos inquietos, voz embargada, leu o documento inteiro:

In Sneffels Yoculis craterem kem delibat

umbra Scartaris Julli intra calendas descende,

 audas viator, et terrestre centrum attinges.

Kod feci. Arne Saknussemm.

Aquele latim bárbaro pode assim ser traduzido:

Desça até a cratera do Yocul de Sneffels

 que a sombra do Scartaris vem acariciar antes

 das calendas de julho, e atingirás, ó viajante

 audaz, o centro da terra. O que eu fiz.

 Arne Saknussemm.

Trecho do Livro

A história se passa em Hamburgo, na Alemanha, e quem nos narra os fatos de uma forma bem irreverente é Áxel. Ele começa narrando sobre as características peculiares de seu tio o professor Otto Lidenbrock, e sobre um raro manuscrito rúnico que seu tio havia encontrado, o professor estava extremamente entusiasmado com o achado, Áxel não estava muito interessado, mas fingia interesse para não contrariar o tio excêntrico. Para nossa surpresa e dos nossos personagens um pergaminho escorregou de dentro do manuscrito, nele havia estranhos carácteres rúnicos e esse achado mudaria o rumo da vida deles. O professor foi incansável na pesquisa para decifrar o pergaminho, ele acreditava piamente que ali, naquele criptograma existia a explicação ou indicação de uma grande descoberta, e ele não estava errado.

Áxel - disse-me com voz terna -, você é um rapaz muito talentoso. Você me prestou enorme serviço, quando, já quase destroçado, ia abandonar aquela combinação. Onde me teria perdido? Ninguém poderá saber. Jamais me esquecerei disto, meu rapaz, e você terá sua parcela na glória que iremos conquistar.

Trecho do livro

Áxel por acaso conseguiu decifrar o enigma, e a princípio pensou em esconder essa informação de seu tio, veja bem, não é que ele seja ruim, só era meio medroso e não queria ser arrastado pelo seu tio para uma viagem insana para o centro da terra, uma viagem da qual poderiam nunca voltar. Bem, o professor estava tão concentrado que esqueceu de comer e com isso deixou o resto da casa com fome também, ele não sabia, mas a fome é ótima para convencer as pessoas - pelo menos no caso de Áxel -, percebendo que continuariam com fome até o professor decifrar o criptograma, Áxel se rendeu e contou que havia descoberto o significado do pergaminho. O professor ficou radiante, e o que Áxel temia aconteceu, o tio seguiria as pistas, viajaria para encontrar o centro da terra e levaria Áxel com ele.

Áxel ainda tentou argumentar, mas nada foi capaz de demover o tio da ideia louca de empreender tal viagem, e ao final ele mesmo acabou sendo invadido pelo entusiasmo do professor.

...Deveria levar a sério sua resolução de ir ao centro da terra? Acabava de ouvir absurdas divagações de um maluco ou as deduções científicas de um gênio admirável? ...Hesitava  entre mil hipóteses contraditórias, sem poder agarrar-me a qualquer delas. Contudo, lembrava-me de que fôra convencido, embora meu entusiasmo já começasse a arrefecer. Mas desejava partir imediatamente e não perder tempo em reflexões. Sim, não me faltaria coragem naquele momento para arrumar a mala e partir.

Trecho do Livro

A SEGUNDA VIDA DE MISSY - BETH MORREY - ALGUNS COMENTÁRIOS

 Ali ficamos, comendo croissants e contemplando as árvores, que eram mesmo lindas, de um jeito sombrio, nuas e pontiagudas contra o céu perolado, onde a tênue luz do sol penetrava as nuvens e lançava salpicos no lago.

Trecho do Livro

Capa do livro A Segunda Vida de Missy

Sylvie uma mulher de meia-idade simpática e amável, dona de duas cadelas chamadas Nancy e Decca, estava distribuindo croissant no parque perto do lago quando nossa personagem desmaiou, quando Missy recobrou a consciência Sylvie a ajudou e ficou a seu lado até que se recuperasse e pudesse voltar para casa, a partir daquele encontro sem que Missy soubesse o rumo de sua vida começaria a mudar.

Sylvie tinha esse jeito de quem acha que tudo na vida é uma tremenda piada, uma irreverência que me dava vontade de colocar os pés para o alto e ficar de conversa fiada — de estar num mundo em que as coisas não fossem tão sérias.

Trecho do Livro

Percebi que Missy estava se sentindo solitária, sentindo falta dos filhos e do neto que estavam longe, resolveu passear pelo parque para passar o tempo e observar os peixes que estavam sendo resgatados do lago, após um leve mal-estar e um desmaio ela conheceu Sylvie, ela foi tão amável e gentil com Missy mesmo ela sendo uma desconhecida, não é muito comum encontrar pessoas assim hoje em dia, logo de cara me simpatizei com essa personagem. Nesse dia Missy voltou para casa exatamente como tinha saído, vazia e solitária, começou a lembrar quando tinha crianças em casa, e que era quase impossível deixar a casa arrumada com as coisas no lugar, é engraçado né, nós adultos sempre reclamamos da bagunça que as crianças fazem, que deixam tudo fora do lugar, mas quando vão embora acabamos sentindo falta de toda a alegria e vida que se vão junto com a ausência delas. No decorrer das páginas acompanhamos suas lembranças da juventude, sua época da faculdade onde conheceu Leo seu grande amor em uma festa, seu casamento, seus pais, a primeira vez que entrou naquela casa onde passou a maior parte da sua vida de casada e onde criou seus filhos, e que agora estava tão solitária e silenciosa com ela morando sozinha.

Havia momentos em que a solidão era esmagadora. Não apenas a solidão óbvia de morar sozinha em uma casa enorme, longe dos entes queridos, mas também um isolamento mas abstrato, galáctico, como um barco com o casco furado boiando em mar aberto, sem âncora nem terra à vista. Eu poderia afundar ou flutuar para mais e mais longe, e não sabia ao certo qual dos dois era pior.

Trecho do Livro

ANTES DE DORMIR - S. J. WATSON


 Olho para o espelho. O rosto que vejo me olhando de volta não é meu. O cabelo não tem volume e está bem mais curto do que eu costumo usar, a pele nas faces e sob o queixo é flácida, os lábios, finos, a boca, curvada para baixo. Dou um grito, um grito contido sem palavras que se transformaria em um berro de choque caso eu o deixasse sair, mas então noto os olhos. A pele ao redor deles está marcada com rugas, é verdade, mas apesar de tudo vejo que são os meus olhos. 

(Trecho do Livro)


Christine é amnésica, toda manhã ela acorda sem saber quem é, onde está e quem é o homem desconhecido ao seu lado na cama. Ela fica um pouco assustada até que Ben seu suposto marido, explica que ela sofreu um acidente que a deixou amnésica, que eles são casados a anos, mostra fotos dos dois juntos e tenta responder a várias perguntas de Christine sobre sua vida. Quando Ben sai para trabalhar deixando Christine sozinha ela recebe uma ligação de um homem que diz ser seu médico em segredo e pede para que ela procure por um diário escondido no seu armário, Christine encontra o diário, lá estão lembranças das últimas semanas que o Dr. Nash a incentivou a escrever para tentar reter lembranças. No decorrer do livro acompanhamos a leitura de Christine das páginas do seu diário, lá estão descritos vários momentos que ela passou, coisas que foi lembrando ao longo do tempo, lembranças que Ben não contava para ela, também podemos acompanhar como ela se sente a cada dia, às vezes mais tranquila, às vezes muito infeliz. No decorrer das páginas do diário ela acaba percebendo contradições nas versões do passado que seu marido a conta diariamente, por exemplo, ele não fala sobre o filho deles, não conta sobre Claire sua melhor amiga e nem que ela escreveu um livro. Ela quer confiar no marido e contar sobre o Dr. Nash, contar sobre o diário e que está tendo algum progresso quanto a lembrar de algumas coisas, mas algo em seu interior parece dizer para que ela não revele nada a ele, ela está tão confusa, mas começa a perceber que tem algo de muito errado em tudo a sua volta, com ajuda de sua amiga Claire e do Dr. Nash ela acaba descobrindo que a única pessoa que ela supunha poder confiar, na verdade, pode não ser tão confiável quanto ela pensava.